#01 - Quantas coisas você já comprou achando que seriam a resposta... e depois esqueceu numa gaveta
Uma reflexão sincera depois de uma limpa de toneladas de maquiagens jogadas no lixo. Talvez você precise disso.
A cultura do consumismo já está entre nós há décadas. Somos bombardeados por propagandas dizendo: "compre e você será feliz".
Essa ideia me fez parar e pensar depois de uma simples faxina com minha mãe. Limpamos nossas maquiagens e jogamos fora uma quantidade absurda de produtos — muitos vencidos, alguns ainda lacrados, todos sem uso. Toneladas de dinheiro no lixo. Coisas que um dia acreditamos que precisávamos... ou que nos trariam alegria.
Mas será que precisávamos mesmo?
Quando isso começou? E será que vai parar?
1. “American Way of Life”
Impossível falar sobre o consumismo sem falarmos de um evento conhecido como, “American Way of Life” que surgiu nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial como um modelo ideal de vida baseado na liberdade individual, no sucesso econômico e na valorização da propriedade privada. Esse estilo de vida ganhou força com o avanço da indústria e da publicidade, que passaram a associar felicidade e status à posse de bens de consumo, como carros, eletrodomésticos e casas. O consumismo, então, se tornou um pilar central dessa cultura. Com o tempo, essa visão se espalhou pelo mundo, influenciando diversos países — inclusive o Brasil — por meio de filmes, músicas, propagandas e produtos importados. Assim, o ato de consumir deixou de ser apenas necessidade e passou a representar estilo, sucesso e realização pessoal.
2. “Eu preciso disso agora?”
Foi essa pergunta que ficou ecoando depois de um momento aparentemente simples: uma limpeza nas maquiagens com minha mãe.
Abrimos gavetas, bolsas, caixas... e encontramos produtos vencidos, quebrados, ressecados — alguns ainda lacrados. Coisas que compramos com expectativa, achando que nos fariam mais bonitas, mais felizes, mais completas. Mas estavam ali: esquecidas.
Toneladas de dinheiro jogado fora.
A cada item que caía no lixo, algo também caía dentro de mim: a ilusão de que aquele consumo desenfreado era necessidade. Não era. Era carência. Era influência. Era tentativa de se encaixar.
E eu me perguntei: quantas vezes eu comprei tentando preencher um espaço que não se resolve com mais uma compra?
Essa experiência foi um convite ao desapego. Um lembrete de que felicidade não está no acúmulo, mas na leveza.
3. Vazio e Preenchimento
No fundo, consumir não é sobre o objeto, mas sobre o vazio que tentamos tapar. A propaganda vende um sentimento: "você precisa disso para ser mais bonita, mais feliz, mais completa". E a gente acredita. A gente se compara incansavelmente, seja em relação a bens, beleza, ou o que seja, nada nunca tá bom. Mas passa o tempo... e aquilo perde o brilho.
Fica só a sensação de faltava algo — e ainda falta.
Talvez o que buscamos nas vitrines não seja um batom novo, e sim um recomeço. Não um creme, mas um abraço. Não uma roupa nova, mas um olhar de aceitação.
A fé me ensinou que o que me preenche não tem preço.
E se você também sente esse incômodo, talvez não esteja sozinha. Talvez seja só a sua alma tentando te lembrar de que o essencial não se compra.
Li um artigo que dizia que nós, seres humanos, não fomos feitos para consumir em massa, mas para criar. E isso está conosco desde os tempos mais antigos: as pinturas nas cavernas, as músicas, as histórias, a reflexão… tudo isso são formas de expressão, reflexos de mentes únicas em um mundo que vive tentando impor padrões.
Comecei a me sentir enjoada de ver tantas pessoas fazendo as mesmas cirurgias, seguindo os mesmos moldes, querendo se encaixar a qualquer custo.
Foi aí que passei a valorizar o que é diferente. O que foge do “bonito” padrão.
Porque existe uma beleza real naquilo que é único, naquilo que carrega identidade. E por que desmerecer isso?
Talvez a verdadeira beleza esteja mesmo no diferencial, e não na repetição.
4. Viva. Crie. Sinta.
Talvez o vazio que tentamos preencher com coisas fosse, na verdade, um convite à criação.
Enquanto o mundo nos grita “compre”, a alma sussurra: “crie, sinta, viva, compartilhe”. Sou cristã, e pra mim Jesus é o sentido da vida, para outros que não acreditam pode até não ser e tá tudo bem, mas pra mim isso me move de uma forma tão profunda e poética que o vazio some.
Não fomos feitos para acumular, mas para expressar. E é na simplicidade do que criamos — uma palavra, um gesto, uma oração — que reencontramos sentido.
A fé me lembrou disso: que o ver
dadeiro preenchimento não vem de fora, mas de dentro.
Percebi que “a beleza do extraordinário está no ordinário”, porque o que marca não é eu vencer uma corrida, o que dá sentido e felicidade pela vitória é por cada pequeno passo que você passou pra chegar até ali, das caminhadas, das lesões, do cansaço, da disciplina. Sem o pequeno, o grande não tem base e desmorona em segundos.
Deus que não nos pede aparência, mas verdade. Que não nos cobra perfeição, mas presença. Que nos fez únicos para refletir Sua beleza de forma íntegra, imperfeita e real. E se, antes de comprar mais uma coisa, a gente parasse pra perguntar:
“Isso me aproxima de quem eu sou? Ou só me distrai disso?”
“Eu preciso disso?”
Talvez seja aí que a verdadeira liberdade comece.