#03 - Chorar é Coisa de Mulher
Uma reflexão sobre como é díficil pros homens se expressarem quando a sociedade exige frieza e corações de pedra.
Já tive muitas amizades masculinas, e uma coisa que sempre percebo é que eles não sabem se expressar, sobre o que sentem, o que dói, o que os pertuba. E talvez não seja por mal, só foram ensinados que sentimentalismo era coisa de mulher e mulheres foram ensinadas que dureza era só para os homens. Homens podem chorar e mulheres podem aguentar a dor da vida calada por anos, sucumbindo por dentro, ambos tentando juntar pedaços quebrados de si. É sobre isso a minha contribuição de hoje nessa rede que junta leitores e escritores de forma muito poética e bonita.
1. “Chorar é Coisa de Mulher” eles dizem.
A maioria dos homens não sabe dar nome ao que sente.
Não porque não sintam.
Mas porque foram ensinados que sentir… é perigoso.
É fraqueza.
É coisa de quem vai cair.
Eles engolem mágoas como quem engole pedras,
com a garganta arranhando por dentro
e o mundo dizendo: engole seco e segue em frente.
Cresceram ouvindo que homem não chora.
Que homem forte é o que aguenta calado.
Que vulnerabilidade é vergonha.
E aí, crescem sem saber amar.
Sem saber ouvir.
Sem saber pedir ajuda.
Enquanto isso…
nós, mulheres, somos chamadas de “emocionais demais” —
mesmo carregando o peso de todos, mesmo sendo o colo onde tudo desaba.
Mas não é que os homens sintam menos.
É que muitos não sabem como sentir.
E por isso se perdem.
E por isso é difícil alcançá-los.
Porque amar exige profundidade,
e muitos aprenderam a se afogar raso.
Mas isso pode mudar.
Ser homem não é ser duro o tempo todo.
Ser homem é ter coragem de olhar pra dentro.
De quebrar ciclos.
De aprender a sentir — e cuidar.
A verdadeira força não é a que esconde.
É a que reconhece e transforma. Até Jesus chorou, chorar não te faz menos homem, te faz humano.
2. “Preciso de Ajuda” não ditos.
É esperado que nós mulheres sejamos sentimentais, o mundo não fica espantados por isso, eles já esperam. Dos homens, não. Porque devem ser frios sempre, só que ao mesmo tempo, isso vai se tornando cada vez mais perigoso, porque aquele que não entende o que sente, ou que abafa tudo, não consegue pedir ajuda. E isso é trágico.
Ficam distantes do próprio coração.
Começam a se afastar de si mesmos.
Escondem as emoções até delas se esquecerem.
Acham que são fortes por não sentir...
mas estão apenas sobrevivendo com o peito trancado por dentro.
E isso não afeta só a si — deságua nos outros.
Na forma como amam, ou deixam de amar.
Na forma como se calam quando a parceira pede presença.
Na forma como estouram, porque nunca aprenderam a nomear o que dói.
Quando não se aprende a sentir,
a dor vira silêncio...
e o silêncio, violência.
Às vezes com gritos.
Outras vezes com ausência.
Com medo.
Com frieza.
Com o abandono de si e do outro.
Mas sentir… não é o oposto de ser forte.
Sentir é o que nos torna humanos.
E homens que aprendem a sentir,
se tornam finalmente livres.
“Toda vez que dizemos a um menino para não chorar, estamos dizendo a ele: não sinta. E depois nos perguntamos por que ele não sabe amar.”
“Chorar não te faz menos homem. Te faz mais inteiro.”