#05 - Não sei Como Amar
Para quem cresceu acreditando que o amor machuca. Para quem ainda sonha com um amor que não grita.
Hoje vim falar sobre um assunto que sinto que faz parte de mim e de quem sou, espero que vocês possam se ver aqui e encontrar algum tipo de conforto. Sobre como conheci o que muitos chamam de “amor”, de um jeito não tão encantador.
1. O que é “amor”?
Para cada um a definição pode mudar, mas quando se leva facadas e vemos que quem as portam são pessoas que um dia amamos com todo nosso coração, e que despedaçaram cada parte dele, algo muda dentro de nós.
Só conheci o tipo de amor que fere.
Que grita. Que promete e depois desaparece.
cresci vendo o “amor” se transformar em briga,
em silêncio, em ausência.
me disseram que amar era bonito,
mas doeu.
fui traída por quem dizia me proteger.
por quem dizia que estaria comigo.
pai, primo, melhor amigo.
cada um levou um pedaço,
até eu não saber mais se merecia sentir.
hoje,
não sei se fujo do amor
ou se ele que foge de mim.
só sei que aprendi a ter medo.
medo de me entregar.
medo de me perder.
medo de chamar dor de amor,
de novo.
Vi mulheres lindas e incríveis serem despedaçadas por homens que sequer as mereciam, eles tiraram toda cor, toda vida que havia nelas. Se tornaram tão infelizes que adquiriram vícios pra lidar com a dor da vida, cigarros, remédios, compras… Cada uma dando seu melhor pra sobreviver, porque um dia o brilho que tiveram lhes fora arrancado da maneira mais cruel possível e passaram a acreditar que não eram dignas de respeito, cuidado, amor…
2. O Verdadeiro Amor
Sou cristã, e tem um versículo que eu gosto muito sobre esse assunto 1 Coríntios 13:4-7:
"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
Pra mim, esse é o verdadeiro amor, o mais perto que cheguei dele foi quando começei a me aproximar de Jesus. Porque ele cuidou de tal forma de mim, que creio que ninguém fará o mesmo novamente.
3. Tenho medo de amar
Mesmo sabendo que o amor não deveria ferir, machucar ou diminuir, foi tudo que conheci, meus pais nunca se amaram, minha avó fugiu do marido porque era um álcolatra violento, minha outra avó tinha que aguentar as traições, e vivia destratada, porque a depressão e o cigarro atingiram ela de uma forma que tudo que ela precisava era de amor de verdade, porque se machuca, não é amor.
Lá no fundo,
uma parte de mim ainda espera.
espera aprender o que é amar —
do jeito certo.
sem gritos.
sem promessas vazias.
sem medo.
Mas quando me aproximo demais, eu me afasto, porque me recuso a ter o mesmo destino de todas as mulheres que um dia admirei e vi seus maridos tomarem seus brilhos. Mas no fundo, eu queria que alguém visse além da dor, que um dia alguém me respeitasse, me amasse, me entendesse, que me protegesse, mas nunca vi de perto o amor que é dito como real e, por isso, por não conhecer, eu prefiro a solidão do que alguém que vai tirar tudo de mim, inclusive minha liberdade.
Hoje entendo que o amor de verdade existe, mesmo que o mundo tenha me mostrado só versões distorcidas. E mesmo que eu ainda tenha medo, há um tipo de amor que não grita, não fere, não abandona. Um amor que cura, que segura firme, que não tem pressa e me acolhe — esse amor tem nome, e eu o conheci em Jesus.